Tema: Mercado de Trabalho

INTRODUÇÃO

Os engenheiros desempenham um papel fundamental no desenvolvimento tecnológico de qualquer país, visto estarem associados tanto aos processos de melhoria contínua dos produtos e da produção, quanto à gestão do processo produtivo e também às atividades de inovação e pesquisa e desenvolvimento (P&D) das empresas. (PACHECO, 2010)

E é a inovação, conforme Ryan (2018), que está no centro de qualquer solução para os desafios do mundo atual, sendo que é a criação de novas tecnologias que podem ajudar a esticar os limites do que é possível, ou o desenvolvimento de novos modelos de negócios de maneira a tornar o mundo mais eficiente e interligado.

No entanto, o Brasil se encontra na 64º posição no ranking Global de Inovação, atrás de Uruguai (64º), Colombia (63º) e Chile (46º), para apontar somente países da América do Sul, segundo o Global Innovation Index (2018), publicado pela World Intellectual Property Organization (WIPO).  Este mesmo relatório aponta que o ensino superior é crucial para que as economias possam subir na cadeia de valor, em especial garantir altas porcentagens de graduados do ensino superior em ciência, engenharia, fabricação e construção, em também garantir a entrada e mobilidade destes estudantes. (GLOBAL INNOVATION INDEX, 2018).

Embora o Brasil ainda seja deficiente na quantidade de engenheiros que coloca no mercado, ocupando a posição 79, Maciente et al (2012) apontam para o percentual elevado de profissionais formados em engenharia que se dedicam a ocupações de nível médio ou que não requerem um nível educacional específico, podendo ultrapassar os 70%.

Com base em levantamento realizado para esta pesquisa junto às Instituições de Ensino Superior que possuem cursos de Engenharia, nas mais distintas modalidades, Londrina forma aproximadamente 600 novos engenheiros a cada ano e à despeito da importância deste profissional para o setor produtivo, estes não conseguem inserção na indústria dentro das qualificações que adquiriram.

Também é patente, face a experiência do pesquisador em suas interações com o setor produtivo da cidade, a existência de receio do empresariado londrinense na contratação desse profissional com formação em engenharia, principalmente em tempos de crise, onde o custo de ter um engenheiro no quadro de funcionários é relativamente alto e ele não é percebido como capaz de justificar um salário elevado em comparação com os funcionários de menor qualificação que trabalham no chão de fábrica. 

Uma forma de mitigar esta resistência à contratação de engenheiros, seria comprovar que a inclusão destes profissionais no quadro de funcionários redunda em elevação da margem de lucros da empresa. A ideia é buscar subsídios que permitam afirmar que engenheiro é investimento e não custo. Neste sentido, a pergunta que este projeto se propõe a investigar é: Seria justificável, em termos econômicos, a presença de mais profissionais de engenharia no quadro de funcionários da indústria de transformação na cidade de Londrina?

Para responder a esta questão, esta pesquisa se propõe a investigar a existência de relação entre Valor Econômico Adicionado – VEA ao produto e o percentual de engenheiros no quadro de funcionários da empresa. O VEA é um Indicadores de desempenho que busca expressar a real criação de riqueza das empresas e foi criado pela consultoria Stern Stewart & Co., de Nova York (EUA), com o objetivo de mensurar se um determinado investimento está trazendo reais ganhos para seus acionistas. (KUPFER; HASENCLEVER, 2002)

A premissa de que parte a investigação é de que a atuação do engenheiro no processo produtivo, seja no âmbito da gestão, na formatação do design, nos processos de operação da planta ou em outros setores da indústria, são capazes de incorporar processos e procedimentos que redundam em aumento da produtividade e, por conseguinte levam a uma redução nos custos por unidade produzida.

Em outras palavras, quanto maior o percentual de presença de profissionais com formação em engenharia no quadro de funcionários da empresa, maior será a incorporação de técnicas que geram eficiência e capazes, portanto, de aumentar o Valor Econômico Adicionado por unidade produzida.

Justificativa e relevância: Poucas pesquisas são levadas à cabo que procuram mostrar o impacto do engenheiro na formação do valor adicionado na indústria. Responder a esta questão significa trazer subsídios aos gestores de RH quanto a que importância dar na contratação de engenheiros. Permitirá às IES repensar sua matriz quanto aos saberes que estão sendo ministrados. Permitirá comparar o desempenho de empresas com percentuais de engenheiros semelhantes e o valor agregado por setor, por país, permitindo identificar gaps na formação dada por nossas universidades. 

Marco teórico: a) Empregados qualificados aumentam a produtividade e como consequência, as margens de lucro; b) A lucratividade pode ser mensurada considerando o Valor Econômico Agregado no processo produtivo. 

Hipótese a ser testada:

H0: não há diferença estatística entre valor econômico agregado e quantidade percentual de engenheiros no quadro de funcionários.

H1: empresas com maior percentual de engenheiros em seu quadro de funcionários apresentam maior valor econômico agregado em seus produtos.

Objetivo geral: Identificar a existência de relação entre agregação de valor econômico e percentual de engenheiros no quadro de funcionários na indústria de transformação localizadas na cidade de Londrina

Objetivos específicos: a) levantar o número de indústria de transformação com mais de 10 funcionários na cidade de Londrina; b) calcular e selecionar estatisticamente uma amostra com base no universo levantado; c) listar os funcionários e suas qualificações formais dentro da amostra selecionada; d) calcular o valor econômico agregado nos três principais produtos que as indústrias pesquisadas comercializam; e) testar as hipóteses da pesquisa; f) em caso de rejeição de H0, construir uma equação que permita predizer o quanto a presença de engenheiros nas empresas colabora no valor agregado de seus produtos finais.