Olá, meus caros.
É tema recorrente nesta coluna, a análise do papel dos Bancos Centrais na busca de controlar a disparada nos preços e suas nefastas consequências.
Se bem entendidas as causas da inflação, não é difícil perceber que algumas decisões econômicas podem dificultar seu controle, o que não é bom para nós consumidores finais.
Veja que tudo o que está disponível para compra pode ser tanto para consumo final quanto para insumos que serão utilizados na produção de novos bens e serviços.
Agora observe que, quando a quantidade de dinheiro disponível para a compra destes produtos - sejam eles para consumo final ou para investimento na produção, é igual a soma do preço de todos estes produtos, a balança está equilibrada e os preços se mantem estáveis.
Se acontecer de a quantidade de dinheiro ser maior que a soma do preço dos produtos haverá uma tendência natural ao reequilíbrio, ou seja, os preços vão subir para equalizar a quantidade de dinheiro com a quantidade de produtos. A isso chamamos inflação.
Este desequilíbrio pode ter várias causas: uma seca que reduz a produção agrícola, uma decisão da OPEP em reduzir a produção do petróleo, uma guerra que encareçe o preço dos fertilizantes, ou a liberação de mais dinheiro que a quantidade de produtos disponíveis.
Bom, mas é papel dos Bancos Centrais do mundo buscarem reequilibrar esta balança a fim de impedir a progressão de um processo inflacionário.
Entre as ferramentas para conter esse processo, a que se mostra mais eficaz é a de aumentar a taxa de juros pagos a quem empresta dinheiro para o governo. Assim, fica mais atrativo emprestar o dinheiro que utilizá-lo para consumir ou investir na produção.
Como consequência, os juros subirão também para quem quer pegar dinheiro emprestado, qualquer que seja a destinação que pretenda dar a ele – investir na produção ou compra produtos de consumo final.
A ideia é ‘esfriar’ a economia para que a quantidade de produtos seja igual ao dinheiro disponível para sua compra. Portanto não faz sentido perguntar se juros elevados arrefecem a economia, pois é justamente este o propósito.
Mas veja, se outras instâncias do governo trabalham no sentido inverso, querendo reduzir os juros neste momento. Aqui deixo claro que todos queremos juros baixos para poder ter acesso a crédito para consumir e para investir na produção, mas é de se perguntar se este é realmente o momento oportuno para isso, quando Banco Central trava uma batalha contra a inflação.
Se não houver um comprometimento legítimo com a redução da inflação por parte do governo, as expectativas dos demais agentes econômicos apostarão em aumento da inflação e consequente manutenção ou elevação nas taxas de juros.
E isso não é bom para nós.
Pensa nisso. Te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.