20 de maio de 2024

2024/05/19

Olá meus caros. A economia de Londrina apresenta uma estrutura econômica bastante desequilibrada caracterizada por uma predominância do setor de serviços e comércio, contrastando com uma notável sub-representação das atividades industriais.

Essa configuração não seria um problema em si, no entanto, uma diversificação econômica limitada cria potenciais vulnerabilidades associadas à insuficiência de uma base industrial.

Algumas decisões por parte dos EUA contra a indústria chinesa, especialmente de carros elétricos podem nos dar oportunidade interessante para nós, no sentido de  promover um crescimento econômico mais estável e sustentável.

Vejamos isto: Uma economia que depende fortemente de poucos setores, como serviços e comércio, é mais vulnerável a choques econômicos simplesmente porque eles são ótimos para circulação da renda, mas são menos eficientes em trazer dinheiro novo para circular.

Essa tarefa é melhor desempenhada pela indústria, especialmente uma indústria de cadeia longa e local, ou seja, que envolva várias outras indústrias de menor porte para processamentos intermediários e que sejam geograficamente próximas.

Uma cadeia de produção longa que exija várias etapas, em cada etapa desta cadeia, valor é adicionado ao produto, e este valor adicionado fica aqui, distribuído em várias empresas locais, fazendo com que o valor gerado seja distribuído e não concentrado.

E uma indústria de nível mundial, de base tecnológica, exigirá compromisso de seus fornecedores quanto a padrões que atendam os critérios de mercados globais, posicionando estes fornecedores de padrão mundial também, abrindo um leque de novas possibilidades.

Para uma melhor percepção de nossa atrofia na produção industrial basta olhar o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED de março que revela que dos 170.640 trabalhadores formais de Londrina, tão somente 12,8% são trabalhadores da indústria, contra 80,2% do Comercio e Serviços.

Um número razoável seria ter o dobro de empregos na indústria, que significaria um PIB de 30% gerado por este setor. Atingir este número é impossível somente com crescimento orgânico, ou seja com crescimento ocorrendo somente de maneira interna, sem atração de novas empresas.. É preciso ter uma política deliberada de neo-industrialização.

Agora, observa isso. Na edição da semana passada (16), o Jornal Valor Econômico traz reportagem mostrando que os EUA colocam barreiras às montadoras chinesas de veículos elétricos (VE), que simplesmente serão impedidas de venderem neste mercado e também a Europa considera impor restrições a eles.

No entanto, na China mais de 100 marcas disputam uma fatia do mercado e elas passarão a atender o mercado de países emergentes e estão usando como tática abrir fábricas em mercados receptivos a seus VEs. Então, Por que não nos posicionarmos de forma proativa para recebê-las aqui?

O mundo mais que nunca precisando promover uma transição energética, indústrias desejosas de produzir em países emergentes, e nós aqui, na iminência de eleger nosso próximo prefeito.

Se nós considerarmos que um novo modelo de política municipal que se proponha a criar um modelo produtivo mais equilibrado para Londrina vale a penas, quer me parecer que não existirá momento mais oportuno para escolhermos aquele candidato que apresente uma estratégia deliberada e factível de industrialização para nossa cidade.   

Pensa nisso. Te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.

   

Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.