19 de junho de 2023

https://radio.uel.br/coluna/a-londrina-que-queremos/2023/06/19

Olá, meus caros.  Em nossa última coluna (12) defendi a necessidade de pensar a revitalização da área central de Londrina como uma obra estruturante focada na promoção do desenvolvimento socioeconômico e melhoria da qualidade de vida da nossa população.

Esta é uma das atuações entre tantas que precisam ser tomadas e que permitiriam a Londrina reequilibrar sua estrutura produtiva que precisa enfatizar o turismo e a indústria de base tecnológica. 

A classificação da atividade econômica em Serviço, Comércio, Industria, Construção Civil e Agropecuária, por vezes dificulta o entendimento de estratégias voltadas a promover o desenvolvimento, por isso utilizo uma taxonomia calcada em setores que puxam a economia, setores que empurram a economia e setores transversais.  

Os setores que puxam a economia são aqueles que predominantemente trazem dinheiro novo para a cidade. É o caso da indústria, que utiliza fatores de produção locais, mas seu produto é consumido lá fora, e o Turismo que também utiliza fatores de produção local, mas traz pessoas de fora para consumir aqui. 

Já os setores que empurram a economia são aqueles que predominantemente são comercializados dentro de nossas fronteiras municipais e são ótimos para fazer com que o dinheiro circule pela economia, democratizando a riqueza. É o caso da prestação de serviços e do Comércio local.

E os transversais são aquelas atividades que fornecem suporte e serviços essenciais para diferentes setores da economia, como educação, saúde e segurança. Para evitar sobreposições, costumo considerar aquelas atividades que estão a cargo do setor público.

Considerando somente os setores que puxam a economia e os setores que empurram a economia, uma distribuição harmoniosa seria aquela em que os puxadores representassem 1/3 da produção e os empurradores os demais 2/3 da produção.

Londrina já esteve próximo desta composição, mas atualmente se encontra fora deste equilíbrio, apresentando hipertrofia nos setores que empurram a economia (80%) e atrofia nos setores que puxam a economia (20%), apontam os dados do IBGE.

Então é preciso impulsionar os setores que trazem dinheiro novo para a cidade. É na busca deste equilíbrio que o fomento à Indústria de Base Tecnológica e o desenvolvimento do Turismo está calcada. Nosso turismo ainda é incipiente e nossa indústria, mas das vezes, não produz em série e se comporta próximo a prestação de serviços.

Penso que o turismo poderia representar algo como 8% de nosso PIB, ou o equivalente a ¼ da produção realizada pelos setores puxadores da economia, mas para isso é preciso preparar a cidade.

Fazer do quadrilátero central um enorme promenade e trabalhar nosso cartão postal, o lago Igapó para se tornar um Parque Linear que poderia iniciar por transformar o Parque Arthur Thomas em nosso Central Park e criar a estrutura para integrá-lo a um Lago Igapó I revitalizado, tudo sob a lógica de Soluções Baseadas na Natureza (SBN), seria um excelente começo.

Mas é preciso que os cidadãos encampem essa ideia, que a sociedade civil organizada se responsabilize pelos projetos e que o poder público assuma o compromisso de implementá-los. Isso mudará de forma positiva a nossa estrutura produtiva.    

Pensa nisso, te vejo na próxima coluna e até lá, se cuida.


Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.