Olá meus caros. Nesta semana, a convite da ACIL, tive a oportunidade de apresentar alguns dados econômicos da nossa região e de nossa cidade a um público qualificado de empresários e tomadores de decisões, apontando os desafios que Londrina enfrenta para alcançar um equilíbrio e um futuro econômico sustentável. Faço aqui um apanhado do que disse lá.
O ponto fundamental é o de reequilibrar a dinâmica econômica de Londrina, e esta passa fundamentalmente pela nossa capacidade de atrair indústrias de classe mundial, focadas na produção de soluções tecnológicas, e caracterizadas por cadeias longas de produção com sinergia com as empresas locais, a partir de nossas vantagens comparativas.
Assumo aqui que temos clareza que não atingiremos tal propósito somente com um crescimento orgânico de nossa indústria – aquele que depende unicamente do aumento natural e interno das operações.
E veja, estudo encomendado à Fundação CERTI em 2017, sob a batuta do SEBRAE, envolvendo o setor produtivo, setor publico e a academia, apontou cinco vetores que caracterizam nosso ecossistema de inovação e que sintetizam o nosso potencial.
Estes vetores são: O Agronegócio, a Industria Eletro metalmecânica, o setor de Químicos e Materiais, a área da Saúde e o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação. Não está excluído qualquer outro segmento, unicamente que o estudo apontou onde já temos uma conformação relativamente sólida.
E que industrias atrair? Poderia: indústria de veículos elétricos de última milha, manufaturas de robôs industriais, processadoras e desenvolvedoras de células fotovoltaicas, fabricante de drones agrícolas e o segmento de produção de proteínas alternativas. Existirão muitas outras, mas estas poderiam servir de referência.
E para que e porque? Bom, hoje, a força de trabalho empregada na indústria representa 12,8% do emprego formal na cidade e esse contingente precisa chegar a 22%, o que implica na criação de mais 15.700 empregos, para assegurar um reequilíbrio na nossa matriz produtiva entre produção industrial e setor de comercio e serviços.
Mas observe esta informação. A criação de cada posto de trabalho em indústrias complexas exige um investimento médio de R$ 1,32 milhão, o que significa atrair até 2040 investimentos da ordem de R$ 20,7 bilhões. Percebeu que não conseguiremos crescer sozinhos esta quantidade e por isso precisamos atrair novas Industrias?
Alcançar tal feito exige uma estratégia bem definida. E é fundamental não partir de nossa intuição, mas perguntar a potenciais empresas o que as levaria a investir em Londrina. Portanto, Depois de definir que indústria nos interessa, é hora então de entender, por meio de pesquisa, o que as levaria a se instalarem aqui.
A partir desta pesquisa, a tarefa será preparar o ambiente de negócios e a infraestrutura necessária para a instalação destas empresas buscando atender principalmente os denominadores comuns entre elas.
Como decisões de investimento desta natureza são tomados com muita antecedência. Precisamos comunicar ao mundo de forma clara e firme, que estamos empenhados em atraí-las, mantendo um canal de comunicação sempre disponível.
Com isso formatado, o próximo passo é anunciar ao mundo, de forma muito bem direcionada, que Londrina abriu a concorrência para a ocupação desta infra estrutura produtiva, por meio de um edital, cuja pontuação contemplará: percentual de utilização e investimento na qualificação de empresas locais como fornecedoras, programas de capacitação de mão de obra técnica, parcerias e investimentos junto às Universidades para P&D, efetividade nas práticas sustentáveis, número de empregos a serem gerados. Serão contempladas aquelas que maior pontuação atingirem nestes itens.
Elas precisam saber que o compromisso é com o desenvolvimento local e queremos empresas que compartilhem esses valores. Sonhar e planejar. Pensa nisso. Te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.
Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.