17 de abril de 2023

https://radio.uel.br/coluna/real-digital/2023/04/17

Olá, meus caros.  

As transações por meio do PIX (pagamento instantâneo brasileiro) batem recordes todos os meses, e já se aproximam de 70 milhões de operações diárias.

E o pagamento por meio de cartões, especialmente aqueles por aproximação, também vai tomando o lugar do dinheiro na carteira das pessoas, mas está em curso o que pode ser o derradeiro fim da moeda como a conhecemos.

O Banco Central está testando, desde o início de março, o Real Digital, que poderá entrar em operação no próximo ano. É interessante entender o impacto desta nova versão do Real em nosso cotidiano.

Esta Moeda Digital emitida pelo Banco Central, não muda em nada o Real em si, mas sua apresentação deixa de ser nas tradicionais cédulas em papel e passa a existir unicamente no ambiente virtual, permanecendo regulada pelo Banco Central e seguindo as regras vigentes de política monetária.

E esta modalidade de moeda traz vantagens significativas na medida que diminui os custos de operações bancárias, elimina os custos para a impressão da moeda em papel, melhora a eficiência do mercado de pagamento de varejo e promove a competição nos serviços bancários.

E a ideia é que, na medida que avance a utilização e a credibilidade do Real Digital, ele possa ser utilizado em qualquer país do mundo, sem necessidade de conversão.

Mas veja, esta moeda digital não se confunde com as criptomoedas tipo bitcoin ou Ethereun. Embora a tecnologia utilizada para garantir sua segurança também seja o Block Chain (aquela tecnologia de criptografia de dados), o Real Digital é uma moeda nacional, fiscalizada e regulada pelo BC e de aceitação obrigatória ( o chamado curso forçado).    

E também não se confunde com o PIX. O PIX é uma transação monetária e não uma moeda. Por ele é possível realizar operações eletrônicas de transferência de dinheiro de forma instantânea. Já o Real Digital não é uma operação eletrônica e sim o próprio dinheiro, só que na forma virtual em substituição a sua forma física.

E da mesma forma que mantemos dinheiro na carteira, o Real Digital também ficará disponível em uma carteira, mas neste caso em uma carteira digital. Esta carteira digital precisará ser acessada pela internet, mas sem qualquer intermediação bancária ou necessidade de ter conta em banco.

A economista Viviane Portela, diretora do Grupo B&T, em coluna no jornal Valor Econômico da semana passada (14), chama a atenção para a revolução que o Real Virtual pode significar na atração de pequenos investidores, especialmente de fora do Brasil.

Aponta ela, que o Real Digital permitirá atrair pequenos investidores de países do mundo todo, para aplicarem em ações de empresas nacionais, via mercado de capitais, ajudando a movimentar os projetos destas empresas.

A criação do Real Digital é um passo relevante para o fortalecimento da moeda brasileira, colocando o real em um novo patamar dentro e fora das nossas fronteiras e abrindo caminho para torna-la moeda conversível como o dólar e o euro.

Mas o outro lado desta moeda é que se ela tem tudo para ser uma ferramenta em prol da sociedade, ela também torna mais profundo o fosso que separa as pessoas engajadas daquelas excluídas digitais. 

Não deixar ninguém para traz precisa ser o lema que acompanha esta revolução.

Pensa nisso. Te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.