A inflação é resultado de desequilíbrio entre o dinheiro disponível para consumo e a quantidade de bens e serviços disponibilizados.

Este desequilíbrio pode ser real ou fruto de expectativas futuras, bem como pode ser resultado de choques de oferta (quando o desequilíbrio se dá na oferta de matérias primas), ou de demanda, (quando o desequilíbrio se dá no consumo final).

O Banco Central busca, com os instrumentos que tem, reequilibrar esta balança pelo lado monetário, retirando dinheiro do mercado e reduzindo a pressão sobre os preços.

Mas é preciso trabalhar o outro lado da balança, o da oferta de bens e serviços e isto se faz com aumento da produtividade.    

 

A perda do poder de compra ...

Quando os preços dos bens e serviços aumentam, é necessário dispender mais dinheiro para comprar a mesma quantidade de coisas, levando a redução no padrão de vida das pessoas.

... e seus resultados nefastos...

Quando as pessoas deixam de comprar, o setor produtivo tem que se ajustar a uma demanda menor, e o faz reduzindo funcionários e adquirindo menos insumos, criando um círculo que se retroalimenta negativamente.

... exige intervenção do BC ...

O Banco Central, com os instrumentos de política monetária de que dispõe, retira dinheiro do mercado para reduzir a demanda, tanto do setor produtivo (inibindo investimentos e reduzindo o potencial de demanda de insumos), quanto no consumo final (inibindo ou represando gastos)

... que atua em um dos pratos.

Desta forma é que o BC opera em um dos lados da balança a fim de compatibilizar a quantidade de dinheiro disponível em relação a oferta de bens e serviços. Esse é o papel dele. Mas é preciso atuar também no outro prato desta balança – o aumento da oferta de bens e serviços.

No outro prato da balança...

Parece óbvio que a oferta de mais bens e serviços exigirá mais demanda de insumos que, em última análise, exercerá pressão sobre os preços levando ao descontrole da inflação novamente. Então como aumentar a produção sem provocar o aumento no preço dos insumos que fatalmente levará ao encarecimento dos produtos ao consumidor final?

... é preciso fazer mais com menos ... 

Produzir mais sem causar pressões inflacionárias significa aumentar a oferta utilizando a mesma quantidade de recursos ou ainda, produzir o mesmo com menos recursos. Isso implica em tornar o trabalho mais eficiente e eficaz.

... e reduzir o custo de produção.

Se formos capazes de aumentar a oferta com a mesma quantidade de insumos, lá na ponta do consumo veremos a redução nos preços.

Produtividade não é produção ... 

Enquanto o simples aumento da produção exige aumento proporcional de insumos e pressiona a inflação, o aumento na produtividade coloca mais produtos à disposição do mercado sem a mesma equivalência na demanda de insumos.

... por isso é antinflacionário ...

Em vez de corrigir o desequilíbrio inibindo o consumo, o aumento da produtividade atua no outro lado da balança, elevando a oferta sem exigir aumento proporcional na utilização de insumos.  

Nosso calcanhar de Aquiles ... 

Educação e treinamento para os trabalhadores, automatização de processos, eliminação dos desperdícios e ineficiências e modernização da planta produtiva são a receita para o aumento de produtividade.

... exige atuação governamental ...

Em vez de ataques ao Banco Central, uma política pública focada no incentivo ao aumento da produtividade, levará efetivamente a um controle inflacionários sustentável.

... e visão empresarial.

Mas o setor manufatureiro também precisa abraçar esta causa e se dar conta que investir na produtividade é muito mais que investir na produção. Que o Banco Central cumpra seu papel e o setor produtivo, cada vez mais, se engaje no seu.  

   

Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras