O governo federal divulgou no mês passado (22), um conjunto de medidas voltadas para um projeto de reindustrialização do País, que recebeu o nome de Nova Industria Brasil.

Paulo Morceiro, especialista em política industrial e pesquisador da Universidade de Ultrecht, na Holanda, afirma em entrevista ao Valor Econômico da semana passa (15),  que tal política está em linha com o observado no resto do mundo. 

Ele destaca, no entanto que ainda há carência de mais sinergia, complementaria e entrelaçamento entre o que se quer e como chegar lá.

O potencial destas medidas trazerem resultados práticos para nossa cidade é limitado,  mas vejo como o grande mérito deste plano a clareza com que destaca a indústria da transformação como o motor propulsor do desenvolvimento. 

Caberá à municipalidade desenhar um modelo proativo que leve Londrina a uma participação maior da indústria de transformação na composição de seu PIB.

 Já está escrito ...  

Não é mais preciso rediscutir a necessidade que tem Londrina de estruturar políticas voltadas a garantir o que estudiosos definem como Neoindustrialização – ‘o processo de modernização e evolução da indústria, enfatizando inovação, compromisso ambiental e integração com cadeias produtivas’.

.... no nosso Master Plan ...

Este compromisso está explicitado no plano estratégico da nossa cidade, discutido à exaustão com todos os setores da sociedade e que define a necessidade de “Fomentar o processo de industrialização e dinamizar as cadeias de produção”.

... com as linhas a seguir.

O plano já deixa claro em que Investir: “[...] em atividades industriais que agreguem valor e dinamizem as cadeias produtivas existentes” e a quem atrair: “[...] indústrias com foco no desenvolvimento tecnológico e sustentável”.

 Tem que tirar do papel ...

Alcançar este propósito significa deixar de somente responder quanto demandado, atendendo por exemplo uma empresa que queira se instalar na cidade, mas a tomar a iniciativa para criar o futuro desejado. Não esperar acontecer, mas fazer acontecer.

... definindo quem queremos ...

O foco deve estar na complementaridade com as empresas já instaladas. A partir de uma percepção pessoal, sugeri em colunas anteriores, trabalhar na atração de: uma indústria de células fotovoltaicas, uma montadora de veículos elétricos de última milha, uma indústria de robôs industriais, uma de drones agrícolas, e uma indústria de proteínas alternativas.

... entendendo suas necessidades...

Sejam estas ou outras empresas, o passo seguinte é elencar 4 ou 5 empresas de cada segmento, que sejam de nível mundial e fazer uma enquete sobre as condições necessárias que as levariam a se instalar na nossa cidade.

... e trabalhando nossos gargalos...

Tendo estas informações, é preciso definir aquilo que são os denominadores comuns entre elas, onde estão nossas fragilidades e nossos potenciais e desenvolver ações que tornem nossa estrutura, a mais adequada para recebê-las.

... para que comprem a cidade.

Aí sim, a divulgação de nossos potenciais fará sentido ao investidor. Não precisaremos convencer a empresa a se instalar aqui. Faremos sim, a triagem daquelas que queremos e que nos traga os maiores benefícios, invertendo a lógica que tem preponderado.

Dando as condições ...

É preciso ter claro que não conseguiremos o desenvolvimento desejado unicamente com crescimento orgânico e dependendo das indústrias aqui instaladas. É preciso buscar aquelas que, somadas às nossas, criem a sinergia necessária para alavancar um processo de reindustrialização.

... sabendo ser um processo longo.

 E ter a consciência que não será o resultado de uma administração, mas que exigirá vários anos de investimento direcionado, o que significa que público, privado e sociedade precisam estar engajados no mesmo propósito.

Não queremos uma cidade rica, mas uma cidade rica para todos.


Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.