A Edição do jornal Valor Econômico deste final de semana (30) trouxe encartado o suplemento ‘Equilíbrio Dinâmico – integração entre modais de transporte deve ser o foco dos investimentos’, com uma série de reportagens, dados e depoimentos de especialistas.

Claramente Londrina precisa assimilar esta necessidade e invitar esforços no sentido de construir uma integração de seu modal, especialmente entre o rodoviário e ferroviário de maneira a ser atrativa a investimentos industriais de grande porte.

Modal rodoviário é caro ...   

Durante décadas, a preferência do Brasil pelo transporte de mercadorias por rodovias tem sido identificada como a principal razão para o elevado custo logístico do país.

... e nos tira competitividade...

Em 2022, só para deslocamento de mercadorias gastamos algo como R$ 1,2 trilhão, o que equivale a mais da metade do custo Brasil, conforme aponta artigo assinado por Luiz Maciel. Nosso custo logístico é o pior entre as 20 maiores economia do mundo.

... quando deveríamos usar trilhos...

Temos um país continental e tão somente 20% do transporte de cargas no Brasil é feito por ferrovias, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), ante 61,1% do volume transportado por meio de rodovias.

... como outros gigantes...

Na China 37% das cargas são transportadas em linhas férreas, nos EUA são 43%, enquanto no Canadá 46%, e na Rússia, recordista absoluta, 81% das cargas vão pelas estradas de ferro. Aqui apontados os países com áreas maiores que o Brasil, lembrando que ocupamos a 5ª posição nesta lista.

... e não só para cargas. 

Não há brasileiro que visite a Europa que não se maravilhe com o sistema de transporte ferroviário de passageiros, considerado como um dos mais eficientes e desenvolvidos do mundo, com uma rede interligada que cobre praticamente todo o continente.

Deixamos passar o obvio... 

Reconhecido pesquisador dos modais de transportes do Brasil, o Eng. Civil Paulo Resende é categórico quando afirma que um país de dimensões continentais, com predominância de terras produtivas contínuas, rico em recursos minerais, não deveria adotar predominância no modal rodoviário, que de todos, é o menos indicado para produtos de baixo valor agregado e peso bruto alto transportados a longas distâncias.

, evidenciado em pesquisas.

Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada no ano passado, mostra que somente 8% das indústrias utilizam modal ferroviário, mas esta seria a primeira alternativa para 28,5% dos industriais no escoamento de produtos, caso houvesse tal disponibilidade.

 

E quanto a nós...

Londrina ensaia um processo de reindustrialização calcado em empresas de base tecnológica, pois precisa encontrar um equilíbrio na sua matriz produtiva que contemple significativo incremento na produção industrial, deixando de pender tanto para o setor de serviços.

... precisamos ser atratores ...

Não é suficientemente rápido pretender tal incremento na nossa matriz valendo-se unicamente de um crescimento orgânico. É preciso atrair novas indústrias para Londrina e indústrias de classe mundial, intensivas em tecnologia, que tenham sinergia com nossos potenciais, com cadeias de produção longas e locais.

... e disponibilizar a logística...

Mas assim como o restante do Brasil, nossa cidade carece de integração em seu modal logístico, e em especial precisamos ter condições de disponibilizar as indústrias que queremos atrair, a possibilidade de terem seu fluxo de matéria prima e de produtos acabados com escoamento facilitado.

... devidamente integrada

Não é factível pensar que indústrias de grande porte, que tenham foco no mercado interno e na exportação possam prescindir de uma integração logística completa e disponível.

Definida a área em que grandes indústrias possam se instalar é preciso disponibilizar em seu costado o ramal ferroviário que as vai atender, contemplando também um anel rodoviário a sua margem.

Façamos isso, preferencialmente para ontem.

Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.