29 de agosto de 2022

2022/08/29

Olá, meus caros.

Não são poucas as vezes que o óbvio parece ser deixado de lado e o apelo por soluções fáceis acaba prevalecendo no entendimento das pessoas.

Mas economia não aceita desaforos, e a conta por decisões equivocadas vem mais rápido do que se imagina e invariavelmente atinge de forma mais dura a base da pirâmide de renda.

Em vez de tentar consertar o erro é sábio entender a natureza das coisas e evitar cometê-los.

A realidade nos mostra que o preço do leite atinge em cheio a capacidade de compra das famílias de menor renda. Já o preço das passagens aéreas tira o sono da classe média alta e inviabiliza uma retomada mais consistente do turismo no país.

Para as passagens aéreas a solução é muito simples – bastaria revogar, ao menos em parte, a Lei da gravidade. Com menos exigência de combustível, claro - os voos ficariam muito mais baratos. Absurdos como estes são repetidos à exaustão e, incrível que muitos ainda não se deem conta disso.  

O preço de um produto é explicado (e não criado) por um conceito chamado ‘Lei de Mercado’. Há quem insista que a Lei de Mercado é obra dos capitalistas e que deveria ser aboli-la pois é perversa com os mais pobres.

Tão inconcebível quanto propor a revogação da Lei da gravidade é aventar a possibilidade de acabar com a Lei de Mercado – e não – ela não é uma invenção capitalista. Desde que o mundo é mundo, a necessidade supera a disponibilidade, o que implica em disputas.

Quanto mais desejado e menos disponível for um produto, maior será a disputa por ele. Se a disputa for física, vence quem tem mais força. Se a disputa é econômica, leva quem está disposto a pagar mais.

Portanto, é nesta disputa que são definidos os preços. Quando esta disputa se torna mais acirrada, os preços ‘inflam’ e os mais pobres perdem na disputa já que tem menos recursos para participarem desta briga. Quanto mais os preços inflarem mais distante ficará o pobre de poder comprá-lo.

É aqui que precisamos ficar atentos com as soluções fáceis que defendem que basta dar mais dinheiro para os pobres para terem melhores condições de participarem da disputa, tipo: dobrar o valor do salário-mínimo, ou aumentar o auxílio para os mais pobres.     

Parece óbvio, mas nem todos percebem. Aumentar a quantidade de dinheiro não aumenta a quantidade de produtos. Só aumenta o valor das apostas. Ou seja, teremos a mesma quantidade de produtos para serem comprados, mas agora com preços ainda maiores. É o mesmo que apagar incêndio com gasolina.

Então, cuidado com quem promete aumento de salários ou benefício para os mais necessitados como solução do problema da pobreza. Pobreza se combate com aumento da produtividade e não com o aumento no volume de dinheiro.

Então, o que fazer? Não ajudar? Ajuda sim, mas com o cuidado necessário para não inviabilizar o que realmente importa. E não se esqueça, não se constrói uma nação justa de uma hora para outra.

E o que importante é aumentar a produtividade, o que significa ter políticas focadas na educação, no aumento da eficiência produtiva e no equilíbrio de contas públicas para evitar a sobrecarga sobre quem trabalha.

É mais demorado, mas é o que realmente melhora a vida das pessoas.

 

Pensa nisso, te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR.