22 de junho de 2020

22-06-2020_COLUNA_ECONOMIA_PARA_TODOS

Olá meus caros. Como já sabem, neste espaço discutimos e procuramos trazer entendimento a situações econômicas de nosso cotidiano, que nos afeta, mas que, no mais das vezes não damos importância.

A ideia é de abordar de forma clara e simples algum tema do momento, que seja importante, relevante e que nos afete. Mas esta coluna é feita com sua participação. Mande um e-mail para nós no economiapratodos@nupea.org e escreva sobre o que você gostaria de ver comentado aqui. 

No dia de hoje exploro a questão da industrialização de Londrina.

A Prefeitura de Londrina anunciou no final de maio a abertura de envelopes, na modalidade concorrência pública, para a construção da Cidade Industrial. O futuro parque industrial será na região norte, com acesso pela avenida Saul Elkind, próximo a Cambé, e teve início do planejamento ainda na gestão do ex-prefeito Alexandre Kireeff

Ter um setor industrial forte em uma economia é estratégico isso porque é um certificado de garantia para superar crises, em especial quando os impactos sobre o emprego são dramáticos como o que estamos vivenciando hoje.

Essa característica muito própria da indústria se deve ao fato dela utilizar os fatores de produção local, mas ter acesso a mercados de fora.

Por fatores de produção entenda-se, capital, trabalho, matéria prima, tecnologia e capacidade empreendedora.

Capital são os maquinários utilizados na manufatura, trabalho são os operários contratados, tecnologia e nossa capacidade de saber fazer, matéria prima  são os recursos naturais utilizados no processo de transformação e capacidade empreendedora é aquele individuo, que correndo o risco de perder, mas com esperanças de ganhar, assume o compromisso de reunir os demais fatores de produção e dar inicio a um negócio próprio.

Ora, quando você contrata tudo aqui mas vende para fora, você está trazendo dinheiro novo para o sistema.

Compare com o setor do comercio por exemplo, indispensável para nossa economia, mas com características diferentes. O comercio é ótimo em democratizar a renda, em fazê-la circular pela economia. O trabalhador recebe seu salário, paga seu aluguel, vai ao supermercado, ao cabeleireiro, e cada um que recebe dele usa esse dinheiro também para adquirir outros bens e serviços.

Mas quando uma economia é dependente demais de sua própria renda, basta uma pessoa perder seu emprego que prejudicará toda a cadeia de consumo.

É como fazer polenta. É preciso mexer sempre para fazer com que o calor circule por tudo. Esse é o papel do comércio. Mas quem coloca fubá novo para essa polenta crescer é quem vende pra fora. E nisso a indústria é ótima.

Agora escuta isso. A pesquisadora do Núcleo de Pesquisa Aplicadas da UTFPR-LD - NuPEA, Maíra Falciroli realizou um levantamento da evolução do emprego formal entre jan/2015 e jan/2020, considerando as 21 cidades do Paraná com maior PIB, tentando entender por que algumas geraram mais empregos que outras.

Este período foi escolhido porque contempla a queda do PIB de 3,5% e 3,3% em 2015 e 2016 e recuperação de 1,3%, 1,3% e 1,1% nos três anos seguintes.  A base de dados foi o CAGED e o IBGE.

Das 21 cidades analisadas 15 fecharam este período sem recuperar as vagas perdidas de emprego formal, enquanto as demais iniciaram 2020 com mais empregos formais do que em jan/2015. A pergunta é: o que diferencia as 15 primeiras cidades das outras 6?

Das cidades que apresentaram evolução no emprego formal, em 5 delas a indústria tinha uma participação maior que 28% na formação de seu PIB.

Já entre as 15 que iniciaram 2020 com menos empregos que jan/2015, em 11 delas a participação da indústria na composição do PIB foi menor que 25%

A cidade de Londrina que tem 17,4% de seu PIB originado na indústria e apresentou redução de 6,3% de empregos com carteira assinada. Já Telêmaco Borba, com a indústria contribuindo com 53% de seu PIB, o emprego formal cresceu em 11,2%.    

Somente ter indústrias não garante maior oferta de emprego formal, mas seguramente é um forte componente. Precisamos planejar já a melhor forma de enfrentar a resseção que temos pela frente.

Precisamos apoiar sim a vinda de industrias para Londrina, mas não é qualquer indústria que queremos. Ela precisa atender a algumas condições:

Primeiro deve ser intensiva em tecnologia e não em recursos naturais. Não queremos aqui industrias poluidoras e com baixa capacidade de agregar valor a seu produto e que seja capaz de absorver toda a gama de trabalhadores, mas em especial que dê vaga a quantidade de engenheiros que estamos formando em nossas universidades;

Segundo, que tenha sinergia com as empresas que estão aqui instaladas de maneira que venha a somar com as já existentes e não a concorrer ou afoga-las.

Terceiro precisamos pelo menos de 4 industrias de nível mundial, isso porque quanto maior a empresa maior é sua capacidade de atrair outras empresas, e quanto mais próximas uma estiver da outra, mais aumenta sua capacidade de atrair novas.

Deixo aqui minha sugestão de grandes empresas que precisamos trazer para Londrina: um empresa de carros elétricos, uma empresa de drones agrícolas, uma empresa de robôs industriais e uma empresa de painéis solares.

Pensa nisso.

Te vejo na próxima coluna e até lá, se cuida.