Olá, meus caros.
Os dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que as famílias de renda média foram mais favorecidas com a queda da inflação no mês de julho que as de renda menor.
Na coluna de hoje abordo um pouco sobre o porquê a inflação impacta de forma diferente as distintas faixas de renda e o que deve acontecer com a inflação dos alimentos nestes próximos dias e meses.
A inflação impacta de forma diferente, a cada um de nós. Como dificilmente duas pessoas compram exatamente as mesmas coisas, elas também terão inflação diferente, mas os índices divulgados pelos órgãos de pesquisa refletem uma média geral deste impacto, por essa razão sempre temos a impressão de que nossa inflação é diferente daquela de foi divulgada. E é mesmo.
Mas não é difícil perceber que os produtos que entram na cesta de consumo de cada família estão associados diretamente a sua renda. Quanto menor a renda, maior é o percentual gasto com alimentos, enquanto rendas mais altas podem ter uma fatia maior destinada a planos de saúde e a passagens aéreas. Então se a passagem aérea tem uma elevação de 30% dificilmente trará impactos diretos para uma família de baixa renda que não utiliza essa forma de transporte.
E Para ter uma ideia melhor sobre os diferentes impactos o Ipea, estratifica as famílias em 6 faixas de rendas, sendo que a menor renda são aquelas que vivem com menos de 1.808,00 e a renda mais alta as famílias que vivem com mais de 17.764,00. O princípio que os norteia é de que famílias de mesma renda tenderão a comprar os mesmos produtos.
Agora veja, no mês de julho tivemos uma deflação de 0,68%, a menor taxa da série histórica, iniciada em 1980, mas favoreceu mais a classe de renda média alta porque os produtos mais adquiridos por famílias nesta faixa de renda tiveram recuo de -0,85%, enquanto para os produtos da classe de renda mais baixa, a queda foi bem menor de -0,34%.
A deflação dos grupos de ‘transportes’ e ‘habitação’ foram os que mais caíram, que tem mais peso para as rendas mais altas. Já os alimentos, que impactam mais as famílias de menor renda, não tiveram recuo significativo.
Mas para os próximos meses o cenário mostra que os alimentos devem sofrer significativo recuo nos preços, tendendo a beneficiar a faixa de renda que proporcionalmente mais despende para comer.
O leite, grande vilão da inflação dos alimentos já apresenta redução de 17% no atacado, em função da retomada do regime de chuvas e queda na cotação das rações. Também a carne de boi apresentará queda significativa no seu preço porque teremos da maior oferta do produto no mercado, estamos também colhendo uma supersafra de grãos o que indica redução dos insumos para alimentação do rebanho.
E temos também a redução no preço do diesel, então o transporte dos alimentos para a gôndola dos supermercados também deve ajudar na redução dos preços finais.
Mas enquanto ainda não percebemos estas reduções é importante adequar nossa lista de compras para aqueles produtos de época, não se apegar a marcas, ficar atendo a quantidade de produto nas embalagens e, tendo oportunidade, não deixar de fazer a pesquisa de preços utilizando primeiro a internet e depois indo ao supermercado que lhe proporciona mais vantagens.
Pensa nisso, te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR.