Olá, meus caros.
O cenário de relativa bonança com crescimento de nossa economia e queda nas taxas de desemprego, que marcam 2022, não devem se repetir em 2023.
Temos perspectiva de inflação ainda elevada e, como consequência, a manutenção de juros altos e nível de investimento em queda, e são vários ingredientes com capacidade de jogar mais lenha nesta fogueira.
Pois veja - A baixa propensão do novo governo em traçar políticas que levem a um equilíbrio fiscal, o fim dos cortes de impostos sobre combustíveis e um cenário internacional conturbado, dão mostras das dificuldades a serem enfrentadas.
E os primeiros sinais já podem ser captados quando miramos os indicadores de nível de ocupação da indústria, tanto a nacional, quanto a local.
Uma métrica do nível de atividade econômica é O nível de utilização da capacidade instalada – conhecida pelo acrônimo NUCE, é uma relação entre o que é efetivamente produzido pela indústria na comparação com sua possibilidade de produção se o equipamento estivesse operando a plena capacidade. Em outras palavras, se é possível produzir 100 unidades, mas está produzindo somente 70, seu NUCE é de 70%.
Um NUCE próximo a 100% é um indicador de que a indústria está chegando a seu limite e precisa receber mais investimentos para aumentar sua capacidade de produção. É resultado do aumento na demanda pelo produto e sem medidas que levem ao aumento da capacidade de produção, prejudicará o restante da cadeia.
No sentido inverso, um NUCE que se distancia dos 100% indica que o mercado está deixando de demandar, os estoques se elevam, máquinas começam a ficar ociosas e máquinas ociosas não precisam de trabalhadores para operá-las.
Assim como outros indicadores, o NUCE é importante porque ela permite ao empresário tomar decisões no âmbito de sua organização, indica aos fazedores de políticas públicas onde é preciso atuar e a nós demais mortais, a antecipar o futuro e agir para nos ajustar.
A confederação nacional da Industria – CNI, divulgou na sexta-feira (18) os resultados da Sondagem Industrial referente ao mês de outubro, que trazem um desempenho negativo com recuo na produção, no emprego e na utilização da capacidade instalada.
O Sindicato da Industria Eletrometalmecânica, em parceria com a UTFPR, realiza também o levantamento mensal deste indicador para a indústria local. E do mesmo modo que a indústria nacional, a indústria local apresentou recuo preocupante.
O levantamento da CNI mostra que a produção industrial registrou a segunda queda consecutiva e a primeira queda na produção industrial para um mês de outubro desde 2016. A Industria local seguiu na mesma toada com redução de 5% na produção em relação ao mês anterior.
A queda na quantidade produzida está ligada diretamente ao nível de ocupação das máquinas. No âmbito nacional o recuo do NUCE foi de 2% no acumulado dos dois últimos meses, estando atualmente com uma utilização de 71% de sua capacidade instalada.
Já na Industria local a queda foi de 6% na comparação com o mês de setembro, estando atualmente com Nível de ocupação em 83%. Embora utilizando mais sua capacidade instalada, esta queda percebida de um mês para o outro, gera apreensão.
Se não forem tomadas medidas no âmbito macroeconômico que sinalizem claramente que as políticas do governo estão alinhadas com o crescimento, os desafios serão ainda maiores.
E dizer que “Vai cair a bolsa, vai subir o dólar, paciência”, desculpa ai, não é resposta.
Pensa nisso, te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR.