21 de fevereiro de 2022

21-02-22

Olá meus caros. Alegria em retornar das férias e voltar para nossa coluna semanal. No inicio do mês o Banco Central anunciava uma já esperada alta na taxa básica de na busca por conter a inflação que encerrou 2021 com dois dígitos a 10,06 %. Mas não é trivial este entendimento de como a alta nos juros pode conter a inflação. Procuro trazer um pouco deste entendimento aqui.

Inicio lembrando que a Inflação é um grande mal para a economia pois suga todo seu dinamismo na medida que diminui a capacidade de compra do dinheiro obrigando o setor produtivo a se ajustar a um patamar menor de produção e por consequência gerando mais desemprego, seja de forma direta - quando demite empregados, seja de forma indireta -quando diminui a compra  de insumos obrigando as empresas fornecedoras a demitirem, e isto cria um círculo vicioso que retroalimenta a queda no consumo e estabelece o caos econômico.

E quando começa a surgir a inflação? Ela começa quando há um desequilíbrio entre a quantidade que as pessoas querem comprar e a quantidade que está sendo produzida. Quando falo de pessoas comprando não é só de produtos finais, não é só nós consumidores finais, mas também as pessoas envolvidas na compra de matéria prima utilizada nas fábricas para produzir novos bens e serviços, ok?

Este é um entendimento super importante e que passa despercebido pela grande maioria das pessoas. Veja o caso do petróleo. Seu preço disparou no mercado internacional. Isso porque, com a retomada da economia mundial, aumentou a demanda pelo produto mais do que sua oferta. Por isso os preços subiram e acabam afetando toda a cadeia de produtos que dependem direta ou indiretamente do petróleo.     

Para estancar esse processo é necessário ‘obrigar’ a economia a consumir menos durante um tempo, de maneira a buscar igualar a quantidade consumida com a quantidade produzida  e assim evitar a pressão nos preços. Nossa economia é uma economia de mercado, então as soluções para ‘obrigar’ uma diminuição no consumo tem que ser engendradas sob o abrigo das leis de oferta e demanda.

Como no curto prazo não dá para aumentar a oferta (produzir mais requer tempo) é preciso então diminuir o ‘ímpeto’ de consumo. A grande ferramenta que tem o Banco Central para diminuir esse ‘ímpeto’ é a taxa de juros.

Ao aumentar a taxa de juros, o Banco Central deixa mais atrativo utilizar o dinheiro para ganhar esses juros do que utilizá-lo para comprar. Assim a atuação do Banco Central é no sentido de tornar mais atrativa a demanda por títulos do governo do que a demanda por bens e serviços.

Chamo a atenção para duas reações que atuam no combate a inflação: a primeira é desviar o dinheiro do consumo de bens e serviços para aplicações financeiras.

A segunda é encarecer o crédito, tanto para consumidores finais quanto para as empresas, o que reduzirá a pressão sobre os preços porque diminui a disposição de tomar dinheiro emprestado para comprar.

É notório que o controle da inflação se faz mediante a diminuição da demanda, o que é recessivo por excelência, mas a cada 1% de queda na inflação, você deixa de perder 1% do poder de compra do dinheiro o que gera estímulo para a economia.

Usar os instrumentos próprios de uma economia livre é muito mais inteligente do que tentar impor sansões a quem exporta ou utilizar de outros meios heterodoxos para proteger nossa economia.

Pensa nisso.

Te vejo na próxima coluna e até lá, se cuida.


Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR.