Olá, meus caros. Segundo Relatório da Serasa Experian divulgado na última sexta-feira (17), a inadimplência no Brasil em abril computou 66 milhões de pessoas negativadas, o maior número da série histórica iniciada em 2016. Os dados do Sistema de Proteção ao Crédito da Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL), estão na mesma linha, e entre janeiro de 2017 e maio de 2022, o número de pessoas com restrição cadastral aumentou em 98 mil consumidores. Então é importante voltar a este tema com alguma regularidade.
No entanto, mais relevante que os números absolutos, é a pesquisa que mostra a situação atual do consumidor londrinense, que neste caso é bem mais positiva. A pesquisa de Endividamento e Inadimplência de Londrina é realizada trimestralmente pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas UTFPR/UEL (NuPEA) deste 2016.
A pesquisa apontou que o percentual de famílias que tem algum tipo de comprometimento da renda subiu de 62,3% no 1º tri de 2022 para 69,5% neste 2º trimestre, ou seja, 7 em 10 pessoas estão com pelo menos parte de sua renda comprometida para os próximos meses.
O aumento do comprometimento de renda, ou endividamento, é anunciado em geral, como um indicador negativo, mas no mais das vezes ele é reflexo de uma percepção positiva do consumidor em relação a sua renda futura. Quem está apreensivo em relação a seu emprego não assume dívidas e não toma crédito.
Os dados apontam que 49,8% destas dívidas são realizadas utilizando o Cartão de Crédito, que é visto como vilão do endividamento. Mas isso também não é verdade. Esse comportamento é decorrência da facilidade permitida na sua utilização já que é fruto de um cadastro pré-aprovado, o que facilita a transação.
É fato que a maioria de nós tem algum tipo de dívida e isso é natural em uma sociedade que busca antecipar o usufruto com o ganho futuro. O problema aparece quando o consumidor não consegue honrar com o pagamento na data de seu vencimento, independente de qual instrumento de crédito tenha utilizado.
E aqui o dado positivo. A quantidade de consumidores que estavam com alguma conta em atraso caiu de 26,3% no 1º tri de 2022 para 25,4 agora no 2º tri. E embora não pagas na data de vencimento, ainda não levariam o consumidor a ter seu nome incluído no cadastro de maus pagadores.
Agora veja, do total de pessoas com contas atrasadas e que não conseguiriam quitá-las nem em parte representam 1/3 delas, ou seja, de cada 3 pessoas com contas em atraso 1 delas terá seu nome incluído no sistema de proteção ao crédito. No trimestre passado eram 2 em cada 3.
Estes dados são positivos na medida que mostram aumento nas vendas a crédito, possivelmente embaladas pelo saldo positivo do emprego formal em Londrina, ao mesmo tempo que cai o número de consumidores com contas em atraso e inadimplentes.
Mas atenção , a comparação com o 1º tri do ano exige cuidados, visto que é o período do ano que a renda fica mais comprometida em função dos gastos de final de ano, pagamentos sazonais (IPTU, IPVA, material escola etc.). E mesmo em queda, as famílias com contas em atraso ainda é o dobro que a média.
Portanto, precisamos manter absoluto controle sobre o quanto comprometemos de nossa renda e lembrar da seguinte máxima: rico não é quem ganha muito, rico é quem gasta menos do que ganha.
Pensa nisso, te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.