19 de abril de 2021


19-04-2021_-_ECONOMIA_PARA_TODOS

Olá meus caros. Começo a perceber certa leniência por parte da sociedade no combate a corrupção. E não deveria ser assim. A corrupção impacta diretamente no desenvolvimento social e econômico de uma nação na medida que reduz os investimentos públicos em saúde, educação, infraestrutura, segurança, habitação e com isso afeta o bem-estar dos cidadãos, ampliando a exclusão e a desigualdade social. É sobre esse tema que quero chamar a atenção hoje.

Quando a sociedade melhora qualitativamente sua condição de vida e aumenta seu nível de bem-estar dizemos que ela está em um processo de desenvolvimento econômico. O primeiro reflexo em um processo de desenvolvimento econômico é a diminuição das diferenças entre ricos e pobres permitindo que um maior contingente de pessoas possa se apropriar dos benefícios do crescimento econômico.

Se crescimento econômico é o aumento da produção visualizado pelo Produto Interno Bruto - PIB, o desenvolvimento econômico é a distribuição desta riqueza entre os agentes que participaram deste crescimento e é visualizada pelos indicadores de educação, saúde e renda

Quando agentes públicos e privados desviam fundos destinados a saúde, educação, saneamento, habitação e infraestrutura, aumentam os custos e diminuem a oferta destes serviços acumulando riquezas na mão de poucos. Menor quantidade de obras e disponibilização de serviços de saúde e educação levam a menor oferta de postos de trabalho e diminuição do potencial da força de trabalho.

E aqui que quero chamar a atenção. A corrupção está incrustrada em nossa sociedade e atende a três características como esclarece o filósofo Michel Sendel, professor da Universidade de Harvard. Ela é sistêmica, endêmica e sindrômica.

Ela é sistêmica na medida que impregna os diversos setores do governo, grandes empresários e poder judiciário, mas se dissemina também em todos os estratos sociais.

Ela é endêmica, presente no nosso cotidiano e apresenta-se imbricada em situações que podem passar despercebidas. Está presente no estudante que cola na prova ou imprime trabalhos particulares onde faz estágio, no desrespeito as vagas preferenciais, nas ligações irregulares de água, na TV a cabo pirata ou na sonegação de impostos, e estes ilícitos não são condenados pela própria população em uma espécie de conivência.

Ela é sindrômica. A própria estrutura legal fomenta o comportamento corrupto na medida que impede um empresário de sobreviver se não subornar agentes públicos que ‘criam dificuldades’ para ‘vender facilidades’.

Se desejamos uma sociedade mais justa, onde o desenvolvimento econômico seja a tônica, não podemos esmorecer, precisamos combater o excesso de burocracia que é o agente da ‘venda de facilidades’, e defender a punição severa aos corruptos e corruptores de maneira a aumentar os custos do ilícito.

Mas precisamos também promover uma mudança em nossas atitudes. Sejamos menos tolerantes com a pequenas corrupções privadas que cometemos em nosso dia a dia. É dessa forma que conseguiremos construir uma grande nação.

Pensa nisso, Nos vemos na próxima coluna e até lá, se cuida.