15-06-2020_COLUNA_ECONOMIA_PARA_TODOS
Olá meus caros. Hoje é a estreia de nossa coluna economia para todos. Neste espaço vamos procurar entender situações econômicas de nosso cotidiano, que nos afeta, mas que, no mais das vezes não damos importância, até por não as entendermos.
A ideia é de abordar de forma clara e simples algum tema do momento, que seja importante, relevante e que nos afete. Situações como inflação da cesta básica, indicadores de oferta de postos de trabalho, taxa de juros, câmbio, comprometimento de renda, medidas econômicas por parte dos agentes públicos, farão parte dos assuntos que trataremos.
Mas vale lembrar que a construção dessa coluna passa por você caro ouvinte e, à medida que formos interagindo vamos buscar os temas de maior relevância ou aqueles que mais despertam a curiosidade ou o interesse. Ao longo dos programas vamos indicar a forma com que manteremos nosso contato.
No dia de hoje quero explorar a quarta reunião do COPOM, que acontece entre amanhã e quarta-feira em que será definida qual a taxa básica de juros para nossa economia. Bom, pergunta você: que é que eu tenho com isso? Qual a relevância desta medida para mim?
Pois é. o tema é complexo por natureza. De tanto em tanto, se você escuta rádio, vê televisão ou lê jornal, em algum momento esta informação apareceu para você, e provavelmente não deu a mínima pelota para o seu significado.
Mas ela tem importância crucial para cada um de nós porque está intimamente ligada à disposição do empresário em fazer investimentos na produção e por consequência, na formação de postos de trabalho.
E isso nos interessa. Basta lembrar que no mês de abril, Londrina perdeu 3517 postos de trabalho com carteira assinada, conforme os dados do CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados.
Portanto, o tema é importante e relevante. Então vamos lá.
COPOM é o acrônimo de Comitê de Política Monetária do Banco central. Este comitê é formado por umas 15 pessoas que compõe a diretoria e os departamentos do Banco central e é presidido pelo presidente do Banco Central, atualmente o economista Roberto Campos Neto.
Eles se reúnem a cada 45 dias, portanto 8 vezes ao ano, e passam dois dias analisando a conjuntura de nossa economia, abrangendo inflação, nível de atividade, ambiente externo entre outras variáveis, e com base nestas avaliações definem qual será a taxa de juros para o próximo período de 45 dias.
Esta taxa de juros é chamada básica porque será utilizada para a construção das demais taxas de juros da economia, como a taxa de juros para empréstimos realizados pelo setor bancário. O banco toma esta taxa básica, acrescenta o risco de inadimplência, os custos de sua operação e sua margem de lucros e define o juro que cobrará por seus empréstimos.
Mas a taxa básica de juros também é aquela cobrada dos títulos da dívida pública. Como o governo gasta mais do que arrecada ele precisa tomar dinheiro emprestado no mercado para pagar seus compromissos e então oferece títulos públicos, chamados também de títulos da dívida ou títulos soberanos, em troca de dinheiro emprestado ao qual pagará então uma taxa de juros que é muito próxima a esta taxa definida pelo COPOM.
Aliás é por isso que a taxa básica também é chamada de taxa SELIC. SELIC é o acrônimo de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), que é onde é feito o registro, custódia e liquidação de títulos públicos emitidos pelo governo.
Ora, quem tem dinheiro pode fazer fundamentalmente dois tipos de aplicação. Emprestar esse dinheiro para o governo e receber como remuneração a taxa de juros, ou aplicar no sistema produtivo, seja investindo em um negócio próprio ou no negócio de outros, por meio da compra de ações de empresas e nesse caso sua remuneração será o lucro.
A decisão de aplicar em títulos públicos ou no sistema produtivo dependerá de qual está remunerando melhor. Ora quanto mais cair a taxa básica de juros, menor será a remuneração para pelos títulos públicos compensando então, aplicar o dinheiro no sistema produtivo.
Isso significa ampliação de fábricas, aumento de produção e necessidade de mais trabalhadores. Em um momento que nossa economia está sofrendo como nunca e precisa de investimentos para recuperar parte de sua capacidade produtiva, uma queda na taxa básica de juros, fazendo com que sobre mais dinheiro para investimento na produção é uma ótima notícia.
Atualmente a taxa básica de juros está em 3% ao ano, o menor nível da história, mas a expectativa do mercado é de que haja mais uma redução de meio ponto percentual, servindo de incentivo para que o dinheiro saia dos títulos públicos e migre para investimentos no setor produtivo, reativando a economia e gerando mais postos de trabalho.
Então, interessa-nos muito acompanhar a evolução da taxa básica de juros, e agora você sabe melhor o porquê.
Até nossa próxima coluna, e até lá, se cuida.