Olá meus caros. Como já sabem, neste espaço discutimos e procuramos trazer entendimento a situações econômicas de nosso cotidiano, que nos afeta, mas que, no mais das vezes acabamos não dando muita importância.
A ideia é de abordar de forma clara e simples algum tema do momento, que seja importante, relevante e que nos afete. Mas esta coluna é feita com sua participação. Mande um e-mail para e escreva sobre o que você gostaria de ver comentado aqui.
Na coluna passada falei sobre as razões do Banco Central optar pela emissão de notas de R$ 200,00 e como isso pode nos afetar. Hoje quero abordar com vocês a elevação dos preços dos alimentos, em especial aqueles que compõe a cesta básica e qual a influência da taxa de câmbio sobre estes aumentos.
O Núcleo de Pesquisa Econômicas Aplicadas da UTFPR é o responsável pelo levantamento mensal dos preços da cesta básica na cidade de Londrina. Esta pesquisa teve início em 2001 com o prof. Flavio de Oliveira Santos e desde 2013 é coordenada por mim.
Para efeito desta pesquisa são considerados os 13 itens que compõe a chamada cesta básica nacional que atende as necessidades alimentares de um adulto durante o período de um mês. A pesquisa é realizada sempre no último dia de cada mês, em unidades das 11 redes supermercadistas que atuam em londrina, considerando estabelecimentos nos quatro pontos cardeais e mais o centro da cidade.
Os alimentos que compõe a cesta básica em Londrina apresentaram alta de 10% entre janeiro de agosto, sendo que o leite é o recordista de aumento com 50,7%, seguido pelo óleo de soja com 36,7% e o arroz com 33% de aumento.
A pergunta que você deve estar se fazendo. Por que os alimentos tiveram esta alta tão expressiva ao longo deste período? Vou focar a atenção nestes três produtos recordistas de inflação: leite, óleo de soja e arroz, ok?
Mas inicio chamando a atenção para a taxa de câmbio e sua responsabilidade sobre tal elevação. A taxa de câmbio é uma relação entre moedas de dois países que resulta no preço de uma delas medido em relação à outra. Em outras palavras é quanto em reais você precisa para comprar um dólar por exemplo.
Em janeiro você precisava de R$4,15 para comprar 1 dólar. Hoje, segunda feira 14 de setembro você precisa de R$ 5,33 para comprar este mesmo dólar. Bom e o que tem isso a ver com o preço dos alimentos?
Imagina você que a saca de soja, esteja sendo comercializada no mercado internacional a US$ 25 e o preço esteja estável ao longo de todo o ano. Para facilitar a conta imagina uma taxa de câmbio a R$4. A 25 dólares a saca o produtor que vende para o mercado internacional receberá R$ 100,00, concorda? 25 X 4. Mas se o dólar estiver a 5 reais por esta mesma saca ele receberá 125 reais. 25 x 5.
Quem vende soja não se importa muito em saber se quem vai comprá-lo é brasileiro ou chinês, ok? Desde que pague os mesmos 125 reais. Isso significou que a taxa de câmbio foi responsável pelo aumento de 25% sobre o preço da soja. Entendeu o porquê o óleo de soja disparou?
Agora imagina que você seja pecuarista de gado leiteiro e precisa comprar vacinas que são importadas. Se o lote de vacinas custa 25 dólares e a taxa de câmbio é de R$4, você precisará desembolsar R$ 100 reais para compra-la, mas se a taxa de câmbio estiver a R$ 5 reais você precisará desembolsar pela mesma vacina R$ 125,00 aumentando seus custos fazendo com que tenha que aumentar os preços do leite.
Este mesmo raciocínio pode ser aplicado a qualquer produto que tenha mercado internacional.
Possivelmente você então se pergunte? Ora, o governo então não poderia controlar o câmbio? Bom, isso é tema para uma outra coluna.
Evidente que existem outras razões que se somam ao câmbio para justificar o aumento de preços. O aumento da demanda em função do pagamento do auxílio emergencial, a diminuição da área plantada de arroz no rio grande do sul, e o fato de estarmos na entressafra de uma série de produtos se somaram para elevar o preço dos alimentos em agosto. Mas é indiscutível o papel da taxa de câmbio na formação desta inflação.
Pensa nisso.
Te vejo na próxima coluna e até lá, se cuida.