11 de abril de 2022

11-04-22_-_ECONOMIA_PARA_TODOS

Olá meus caros. Sondagem realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou que 32% das famílias brasileiras têm ao menos uma pessoa em casa com conta atrasada e quase 60% das famílias de baixa renda começaram o ano de 2022 inadimplentes.

Em Londrina a pesquisa trimestral realizada pelo NuPEA e coordenada pelo Guilherme Rodolfo Cordeiro, aponta que 63,3% das famílias encerraram o 1º trimestre do ano com dívidas sendo que 21,2% não conseguirão pagá-las e os dados divulgados pela ACIL na semana passada corroboram estes dados ao mostrarem elevação de 30% no número de inadimplentes em março na comparação com o mesmo mês de 2021.

Inflação, perda de renda e altas taxas de desemprego ajudam a entender as razões deste elevado nível de endividamento, mas também é preciso olhar as causas que levam as famílias a assumir dívidas e analisar se não é hora de mudar comportamentos de consumo a fim de evitar algumas armadilhas que nos induzem a um sobre-endividamento.

Você já deve ter notado que muitos produtos são feitos para não durar. Tal prática é chamada de ‘obsolescência programada’ que é quando um produto é planejado de forma proposital para se tornar inútil, obsoleto ou já não desejável em período relativamente curto.

E isso é feito como estratégia de negócios, pois isso significa que os consumidores precisarão comprar produtos de reposição de forma muito mais frequente. Interessante é observar que, assim como eu, você também deve ter escutado que produtos duráveis desfavorecem a economia, pois reduzem o consumo e economistas norte-americanos chegaram a popularizar jargão de que ‘um produto que não se desgasta é uma tragédia para os negócios’.

Uma das tecnicas utilizadas é fazer de forma proposital produtos de baixa qualidade utilizando materiais descartáveis. Tenho certeza que você já se deu conta que as lâmpadas duram muito menos do que antigamente.  Isto é chamado de obsolescência técnica. Outra forma de obsolescência técnica é a descontinuidade de um software, de um programa de computador, mesmo que ainda lhe atenda, e você será informado de que ele não é mais compatível com a nova versão do sistema operacional. Simples assim.

E também somos induzidos por uma outra técnica denominada ‘obsolescência da desejabilidade’ que ocorre quando, mesmo tendo um produto em bom estado de conservação, resolvemos comprar um novo e descartar o antigo.

Toda esta estratégia de obsolescência planejada funciona como um mecanismo para sustentar uma sociedade de consumo, que é na verdade é insustentável na medida que gera agressão ao meio ambiente provocada pelo aumento do consumo de recursos naturais e pelo desmensurado crescimento da produção de lixo.

Esse estilo de vida é um dos fortes componentes do processo de sobre-endividamento das famílias. É caro e leva muitas pessoas a fazer suas compras a crédito quando ficam sem dinheiro disponível e o cartão de crédito é uma maneira fácil de prejudicar seriamente suas finanças.

Mas mudar depende só de nós. Não podemos nos deixar levar pela propaganda e devemos fazer de nossa situação financeira a nossa prioridade. Vamos comprar bens duráveis sempre que possível, reciclar sempre que possível, usar o ônibus, coletar a água da chuva, simplificar a vida, não comprar por impulso.

Além de derrubar os indicadores de endividamento e inadimplência ainda seremos capazes de reduzir nosso  impacto sobre o meio ambiente no processo.

Pensa nisso, Te vejo na próxima coluna e até la se cuida.   


Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR.