04-10-2021_-_ECONOMIA_
Olá meus caros. O Núcleo de Pesquisa Econômicas da UTFPR – NuPEA, divulgou na última quinta-feira (30) o resultado da variação dos preços dos alimentos que compõe a cesta básica que acusou nova elevação de 2,2% entre agosto e setembro e já vínhamos de um aumento de 3,55% em agosto. O dado de maior impacto, revelado pela pesquisa foi a diferença de preços entre o valor da cesta em setembro de 2020 em relação a setembro deste ano de 14,2% e uma inflação anualizada de 11,7%.
Duas perguntas nascem de forma natural: é só no Brasil que estamos vivenciando alta nos alimentos? e o que realmente está por traz destas altas? Dedico a coluna de hoje a explorar este tema.
Respondendo a primeira pergunta. Segundo a base de dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, a inflação em 2021 atinge praticamente todos os países economicamente relevantes.
A Alemanha terá a maior inflação de seus últimos 29 anos, enquanto Espanha, França e Itália acusam as maiores taxas anuais em mais de 10 anos. Nos EUA a projeção segue na mesma toada, enquanto Turquia projeta inflação de 17,8% e Argentina, a recordista, uma inflação de 47% a.a.
A OCDE alerta que esta inflação é um risco ao crescimento econômico especialmente do mundo emergente, já que afeta a renda real das famílias e as taxas de juros, impondo restrições ao consumo e, por consequência, à produção .
Aqui no Brasil, um dos elementos a agravar o processo de inflação é o preço do petróleo. A partir da retomada da economia global, a busca por petróleo se acelerou, e o valor cobrado pelo barril, no mercado internacional disparou. Combustível entra na composição dos preços que quase tudo e a gasolina já subiu 51% neste ano e o diesel outros 28%.
Some-se a isso a falta de chuvas que provocou o esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas obrigando o Operador Nacional do Sistema - ONS a acionar usinas tocadas a carvão ou diesel, 10 vezes mais caras.
Agora olhemos o panorama internacional. A inflação anual da área do euro deve ser de 3,4% em setembro de 2021, de acordo com uma estimativa instantânea do Eurostat, o escritório de estatísticas da União Europeia, Esta taxa de inflação, embora bem menos que a do Brasil, é mais que o dobro da média dos últimos 20 anos de 1,58%.
Lá o problema é que com a recuperação econômica houve aumento da demanda por gás natural. Além de ser um importante componente das matrizes energéticas no continente, o gás é a principal fonte de aquecimento nas casas e acumula alta de 500% nos últimos doze meses.
E o que acontece com a China? A economia chinesa é tocada a carvão mineral. A demanda pela matéria-prima aumentou com a recuperação econômica pós-pandemia, provocando a falta do produto e elevando seus preços ao maior patamar da história .
Para termos uma ideia o que acontece por lá, no nordeste do país, a falta de energia cortou o fornecimento nas casas e obrigou as fábricas a pararem as produções. Além de ameaçar a vasta economia chinesa, a crise tende a se alastrar por todo o globo.
Você que me ouve deve ter observado que, afora as questões políticas que agravam ou atenuam as situações negativas, a mazela que afeta a economia mundial é a questão energética associada aos combustíveis fósseis e as consequências climáticas decorrentes de sua exploração excessiva.
A realidade não deixa dúvidas que o mundo precisa pensar de forma sistêmica em políticas coerentes e imediatas para a utilização de alternativas energéticas sustentáveis.
Compete a cada um de nós fazer sua parte e cobrar de seus representantes.
Pensa nisso. Nos vemos na próxima coluna e até lá, se cuida.