04 de março de 2022

04-04-22_-_ECONOMIA_PARA_TODOS

Olá meus caros. Na coluna passada abordei acerca da forte entrada de dólares na nossa economia o que tem valorizado o Real e pode nos ajudar enormemente no controle de nossa inflação. E hoje busco mostrar como a inflação, especialmente do preço dos alimentos precisa muito desta ajuda.

O Núcleo de Pesquisa Econômicas Aplicadas da UTFPR- NuPEA, realiza mensalmente a pesquisa de preços dos itens que compõem a cesta básica de alimentos na cidade de Londrina. Com uma série histórica de mais de 20 anos, iniciada pelo economista Flavio de Oliveira Santos, possivelmente seja a pesquisa continuada, com foco na inflação dos alimentos, mais longeva em uma cidade do interior.

Uma das propostas da pesquisa é a de retratar a evolução dos preços dos alimentos que compõe a alimentação mínima para sustentar um adulto durante um mês comparando seu valor com o salário mínimo vigente.

O levantamento dos preços é realizado em 11 unidades de distintas redes supermercadistas que atuam em Londrina, sempre no último dia de cada mês, considerando os 13 produtos que compõe a cesta básica nacional.

As unidades são selecionadas contemplando os quatro pontos cardeais e mais o centro da cidade, sem repetição de qualquer unidade pertencente a uma mesma rede de supermercados, garantindo uma amostragem a mais fidedigna possível. A pesquisa não faz diferenciação de marca, mas o produto deve trazer as mesmas especificações e embaladas com a mesma porção.

Mas vamos aos resultados. A média obtida na pesquisa mostrou que a cesta básica em Londrina teve uma elevação de 7,1% entre fevereiro e março, atingindo o preço médio de R$ 620,76.

O supermercado com a cesta básica mais barata ficou em R$ 537,29, enquanto o de maior preço bateu os R$ 686,64. Uma diferença entre o menor e o maior preço de 27,8%, mostrando que pesquisa ainda é fundamental.

Agora veja, no dia 1º de janeiro a cesta básica em Londrina poderia ser adquirida na média a R$ 506,13 o que significa que nestes 90 dias o preço médio dela subiu em 22,65%. A alta foi de 6,2% em janeiro, em fevereiro de 7,8% e agora alta de 7,1%.

Em termos de poder de compra do Salário Mínimo, hoje a R$ 1.210,00, este permite adquirir 1,95 cestas básicas. Um trabalhador com este salário, dedica 113 horas da jornada de trabalho (51,3%) para adquirir uma única cesta. É a pior relação dos último 15 anos.

Para fins de comparação, o recorde de número de cestas básicas que o Salário Mínimo pôde adquirir  ocorreu em setembro de 2017 quando permitia comprar 3,2 cestas. 

Esta situação inflacionária, especialmente nos alimentos, aflige todos os países do globo e os Bancos Centrais estão subindo seus juros para tentar conter esta onda. É fundamental que o equilíbrio entre oferta e demanda seja buscado por todas as economias. Não adianta o Banco Central do Brasil tentar estancar um vazamento aqui, se a água brota de todos os lados.


E nós, o que podemos fazer? Além da pesquisa de preços, da compra dos produtos de época, da redução das idas ao supermercado, da racionalização no consumo, é preciso ficar atento à forma de comprar.

Pesquisa realizada também pelo NuPEA, aponta que a cesta básica, quando adquirida pelo sistema de delivery (entrega em casa), se não houver a cobrança da entrega, fica muito próximo do valor da compra feita pessoalmente, em média R$ 4 mais caro. Vale a pena colocar na ponta do lápis e conferir.

Pensa nisso, Te vejo na próxima coluna e até la se cuida.   


Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR.