A economia de Londrina apresenta uma estrutura econômica bastante desequilibrada caracterizada por uma predominância do setor de serviços e comércio, contrastando com uma notável sub-representação das atividades industriais.
Essa configuração não seria um problema em si, no entanto, uma diversificação econômica limitada cria potenciais vulnerabilidades associadas à insuficiência de uma base industrial.
Algumas decisões por parte dos EUA contra a indústria chinesa, especialmente de carros elétricos podem nos dar oportunidade interessante para nós, no sentido de promover um crescimento econômico mais estável e sustentável.
Somos economicamente vulneráveis ...
Uma economia que depende fortemente de poucos setores, como serviços e comércio, é mais vulnerável a choques econômicos simplesmente porque eles são ótimos para circulação da renda, mas são menos eficientes em trazer dinheiro novo para circular.
..., mas podemos mudar...
Essa tarefa é melhor desempenhada pela indústria, especialmente uma indústria de cadeia longa e local, ou seja, que envolva várias outras indústrias de menor porte para processamentos intermediários e que sejam geograficamente próximas.
... atraindo novas indústrias ...
Uma cadeia de produção longa que exija várias etapas, em cada etapa desta cadeia, valor é adicionado ao produto, e este valor adicionado fica aqui, distribuído em várias empresas locais, fazendo com que o valor gerado seja distribuído e não concentrado.
... que nos interessem.
E uma indústria de nível mundial, de base tecnológica, exigirá compromisso de seus fornecedores quanto a padrões que atendam os critérios de mercados globais, posicionando estes fornecedores de padrão mundial também, abrindo um leque de novas possibilidades.
O tamanho da vulnerabilidade...
Para uma melhor percepção de nossa atrofia na produção industrial basta uma olhada no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED de março que revela que dos 170.640 trabalhadores formais de Londrina, tão somente 12,8% são trabalhadores da indústria, contra 80,2% do Comercio e Serviços.
... que precisa ser corrigida ...
Um número razoável seria ter o dobro de empregos na indústria, que significaria um PIB de 30% gerado por este setor. Atingir este número é impossível somente com crescimento orgânico. É preciso ter uma política deliberada de neo-industrialização.
... e oportunidades não faltam...
Na edição da semana passada (16), o Jornal Valor Econômico traz reportagem mostrando que os EUA colocam barreiras às montadoras chinesas de veículos elétricos (VE), que simplesmente serão impedidas de venderem neste mercado e também a Europa considera impor restrições a eles.
... se soubermos atrair.
Na China mais de 100 marcas disputam uma fatia do mercado e elas passarão a atender o mercado de países emergentes e estão usando como tática abrir fábricas em mercados receptivos a seus VEs. Por que não nos posicionarmos de forma proativa para recebê-las aqui?
Parece que a hora é agora ...
O mundo mais que nunca precisando promover uma transição energética, indústrias desejosas de produzir em países emergentes, e nós na iminência de eleger nosso próximo alcaide.
... se achar que vale a pena.
Quer me parecer que não existirá momento mais oportuno para escolhermos aquele que apresente uma estratégia deliberada e factível de industrialização para nossa cidade, e um verdadeiro compromisso em reequilibrar nossa matriz produtivo.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, Professor da UTFPR.