Em nossa última coluna (12) defendi a necessidade de pensar a revitalização da área central de Londrina como uma obra estruturante focada na promoção do desenvolvimento socioeconômico e melhoria da qualidade de vida da nossa população.

Esta é uma das atuações entre tantas que precisam ser tomadas e que permitiriam a Londrina reequilibrar sua estrutura produtiva que precisa enfatizar o turismo e a indústria de base tecnológica. É tema recorrente desta coluna, mas vale a pena revisitá-lo. 

Um olhar diferente ...

A classificação da atividade econômica em Serviço, Comércio, Industria, Construção Civil e Agropecuária, por vezes dificulta o entendimento de estratégias voltadas a promover o desenvolvimento, por isso utilizo uma taxonomia calcada em setores que puxam a economia, setores que empurram a economia e setores transversais.   

... propondo setores que puxam a economia ...

São aqueles que predominantemente trazem dinheiro novo para dentro da economia. É o caso da indústria, que utiliza fatores de produção locais, mas seu produto é consumido lá fora, e o Turismo que também utiliza fatores de produção local, mas traz pessoas de fora para consumir aqui. 

..., setores que empurram a economia...

São aqueles que predominantemente são transacionados dentro de nossas fronteiras municipais e são ótimos para fazer com que o dinheiro circule pela economia, democratizando a riqueza. É o caso da prestação de serviços e do Comércio local.

... e os transversais.

São aquelas atividades que fornecem suporte e serviços essenciais para diferentes setores da economia, como educação, saúde e segurança. Para evitar sobreposições, costumo considerar aquelas atividades que estão a cargo do setor público.

Uma composição de 3 por 1 ...

Considerando somente os setores que puxam a economia e os setores que empurram a economia, uma distribuição harmoniosa seria aquela em que os puxadores representassem 1/3 da produção e os empurradores os demais 2/3 da produção.

... que foi perdida...

Londrina já esteve próximo desta composição, mas atualmente se encontra fora deste equilíbrio, apresentando hipertrofia nos setores que empurram a economia (80%) e atrofia nos setores que puxam a economia (20%), apontam os dados do IBGE.

... e que precisa ser reestabelecida...

É preciso impulsionar os setores que trazem dinheiro novo para a cidade. É na busca deste equilíbrio que o fomento à Indústria de Base Tecnológica e o desenvolvimento do Turismo está calcada.

... atacando nossos pontos fracos. 

Nosso turismo ainda é incipiente e nossa indústria não se caracteriza por produção em série, se comportando mais como prestadora de serviços. Para a Industria é preciso pensar em uma estratégia de atração de empresas de nível mundial que apresentem sinergia com as nossas já instaladas.  

Incorporar o turismo na equação...

Já o Turismo poderia representar algo como 8% de nosso PIB, ou o equivalente a ¼ da produção realizada pelos setores puxadores da economia, mas para isso também é preciso ter uma estratégia definida.

... e preparar o ambiente ...

Fazer do quadrilátero central um grande promenade e trabalhar nosso cartão postal para se tornar um Parque Linear que poderia iniciar por transformar o Parque Arthur Thomas em nosso Central Park criando a estrutura para integrá-lo a um Lago Igapó I revitalizado, tudo sob a lógica de Soluções Baseadas na Natureza (SBN), seria um excelente começo e de retorno imediato.

... é colocar dinheiro novo no caixa. 

Se de cada 10 hóspedes que ocupam nossa rede hoteleira, conseguíssemos reter 20% para que fiquem mais 1 dia na cidade para desfrutar de nossa área central e visitar nossos parques, significa trazer para a cidade mais R$ 60 milhões por ano. Uma conta absolutamente conservadora, mas que mostra o potencial desta medida.

Resta querer fazer.

 É preciso que os cidadãos encampem essa ideia, que a sociedade civil organizada se responsabilize pelos projetos e que o poder público assuma o compromisso de implementá-los.      


Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.