E isso tem implicações com potencial para abrir um leque infinito de possibilidades. Embora tenha dimensões muito mais amplas, busco focar aqui, como tal projeto pode dar tração à nossa economia.
A economia sob a ótica da tração ...
Deixando um pouco a taxonomia clássica que divide a economia em Setores Primário, Secundário e Terciário, podemos entendê-la como dividida em Setores Puxadores, Setores Empurradores e Setores Intervenientes.
... revela o papel de cada setor ...
São exemplos de Puxadores os Setores do Comércio e da Construção Civil – associados à demanda e caracterizados por fazer circular a renda. Os Empurradores seriam a Industria e o Turismo – associados à oferta e responsáveis por aumentar o volume de renda em circulação. Os interventores seriam as políticas públicas e o nível educacional, por exemplo.
... e a necessidade do equilíbrio ...
Os setores que puxam e que empurram a economia precisam estar em equilíbrio. Tal equilíbrio é obtido quando entre 23% e 27% de tudo o que é produzido têm origem nos setores que empurram a Economia.
Londrina vive uma situação de desequilíbrio porque os setores a empurram representam atualmente menos de 16% de seu PIB.
... onde o Turismo é protagonista...
É desta necessidade de encontrar um equilíbrio nos setores de nossa economia que está calcada a ideia de promoção do Turismo, e esta iniciativa pode ser o estopim para fazer da bacia do Ribeirão Cambé o maior parque linear urbano do Brasil.
... e com resultados imediatos.
Londrina tem atualmente 55 hotéis e cerca de 6.800 leitos disponíveis com uma taxa de ocupação de praticamente 80%. O valor médio gasto por cada hóspede é de R$ 210,00. Se a cada 10 hóspedes, apenas 1 ficar um dia a mais para percorrer nossos parques, significa reter na cidade R$ 41 milhões por ano.
E aplicar uma lógica de SBN ...
Quando penso em revitalização, penso-a com base na lógica das Soluções Baseadas na Natureza (SBN), onde prevalecem ações voltadas a proteger, gerir e restaurar de forma sustentável, ecossistemas naturais ou modificados, com foco no bem-estar humano e benefícios da biodiversidade.
... trará toda uma nova cadeia de valor.
Se o Parque Arthur Thomas servir como projeto piloto para futura aplicação das soluções encontradas a toda a bacia do Ribeirão Cambé, construiremos todo um setor econômico dedicado a aplicação de Soluções Baseadas na Natureza em corpos hídricos urbanos que será referência para o Brasil.
É preciso sonhar sem restrições.
Londrina precisa reestabelecer sua característica de pensar grande e em projetos de longo alcance. Vejo este potencial no projeto de revitalização do Parque Arthur Thomas. Que ele te torne realmente nosso ‘Central Park’.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.