As transações por meio do PIX (pagamento instantâneo brasileiro) batem recordes todos os meses, e estão próximas a 70 milhões de operações diárias.

O pagamento por meio de cartões, especialmente aqueles por aproximação, vai tomando o lugar do dinheiro na carteira das pessoas, mas está em curso o que pode ser o derradeiro fim da moeda como a conhecemos.

O Banco Central está testando, desde o início de março, o Real Digital, que poderá entrar em operação no próximo ano. É interessante entender o impacto desta nova versão do Real em nosso cotidiano.

 

Moeda Digital emitida pelo BC ...

Não muda em nada o Real em si, mas sua apresentação deixa de ser nas tradicionais cédulas em papel e passa a existir unicamente no ambiente virtual, permanecendo regulada pelo Banco Central e seguindo as regras vigentes de política monetária.


... embute vantagens significativas ...

O Real Digital diminui os custos de operações bancárias, elimina os custos para a impressão da moeda em papel, melhora a eficiência do mercado de pagamento de varejo e promove a competição nos serviços bancários.


... podendo ser utilizada no exterior.

A ideia é que, na medida que avance a utilização e a credibilidade do Real Digital, ele possa ser utilizado em qualquer país do mundo, sem necessidade de conversão.


É diferente de criptomoedas ...

Embora a tecnologia utilizada para garantir sua segurança seja o Block Chain (corrente de blocos), o Real Digital é uma ‘Central Bank Digital Currency’ (CBDC), ou seja, uma moeda nacional, fiscalizada e regulada pelo BC e de aceitação obrigatória (curso forçado).     


... e não é o mesmo que o PIX ...

O PIX é uma transação monetária e não uma moeda. Por ele é possível realizar operações eletrônicas de transferência de dinheiro de forma instantânea. Já o Real Digital não é uma operação eletrônica e sim o próprio dinheiro, só que na forma virtual em substituição a sua forma física.


... e fica disponível na sua carteira. 

Da mesma forma que mantemos dinheiro na carteira, o Real Digital também ficará disponível em uma carteira, mas neste caso em uma carteira digital. Esta carteira digital precisará ser acessada pela internet, mas sem qualquer intermediação bancária ou necessidade de ter conta em banco.


Atraente para investidores estrangeiros ...

Viviane Portela, diretora do Grupo B&T, em coluna no jornal Valor Econômico da semana passada (14), chama a atenção para a revolução que o Real Virtual pode significar na atração de pequenos investidores, especialmente de fora do Brasil.


... aplicarem em empresas brasileiras...

Aponta ela, que o Real Digital permitirá atrair pequenos investidores de países do mundo todo, para aplicarem em ações de empresas nacionais, via mercado de capitais, ajudando a movimentar os projetos destas empresas.


... e ajudando a fortalecer nossa moeda.

A criação do Real Digital é um passo relevante para o fortalecimento da moeda brasileira, colocando o real em um novo patamar dentro e fora das nossas fronteiras e abrindo caminho para torná-la moeda conversível como o dólar e o euro.

 

O outro lado da moeda.

Se por um lado o Real Digital tem tudo para ser uma ferramenta em prol da sociedade, ela também torna mais profundo o fosso que separa as pessoas engajadas daquelas excluídas digitais.  

Não deixar ninguém para traz precisa ser o lema que acompanha esta revolução.


Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.