A UTFPR e a UEL, por meio de seus grupos de pesquisa NuPEA e EconoStat, realizam o levantamento mensal da inflação da cesta básica de alimentos na cidade de Londrina.
Iniciada pelo economista e prof. Flavio de Oliveira Santos, em 2021 o levantamento completou 20 anos de sua realização ininterrupta, possivelmente o acompanhamento da inflação de alimentos mais longeva em uma cidade do interior.
Para comemorar, algumas observações sobre o que foi mais marcante ao longo destas duas décadas de dados.
A cesta básica de alimentos ...
É composta de 13 itens e serve de base para as leituras de inflação da cesta básica em todo o país, com foco especial nas classes de baixa renda e que foi definida pelo Decreto 399 de 1938 e permanece como parâmetro.
... acompanhada mensalmente, ...
Em Londrina o levantamento é realizado sempre no último dia de cada mês, contemplando 11 redes supermercadistas, considerando unidades nos quatro pontos cardeais e mais o centro da cidade.
... sem referência de marcas, ...
A pesquisa é realizada a partir dos preços dos produtos que apresentam o menor preço, dentro das características de qualidade estabelecidos, sem guardar qualquer referência a marcas.
... e que atenda um adulto por um mês.
A quantidade de cada item foi estabelecida pelo Decreto e deve atender as necessidades de um adulto por pelo menos 30 dias. Desta forma, o preço da cesta básica é calculado pela média de cada produto, ponderada pela quantidade estabelecida na Lei.
O poder de compra do SM ...
Em 2001 o valor médio mensal da cesta básica em Londrina foi de R$ 108,50 enquanto a média do salário-mínimo foi de R$172,75, ou seja 1 SM comprava 1,59 cestas. A média da cesta em 2021 até o mês de outubro é de R$ 497,85, permitindo que 1 SM compre 2,2 cestas. Uma evolução de 38% nesta comparação.
... teve seu auge em 2018.
O ano de 2018, decorrência da supersafra 2017/2018, foi quando o SM atingiu seu pico de poder de compra em relação ao valor médio da cesta básica, momento em que pôde adquirir 2,9 cestas.
É raro, mas às vezes cai.
Ao longo destes 20 anos, houve 3 ocasiões em que a média do valor cesta básica do ano seguinte foi menor. Esta situação ocorreu em 2005/2006; 2008/2009; e 2016/2017.
Maiores e menores oscilações...
Os produtos que apresentam maiores oscilações de preços são o tomate, a banana e a batata, enquanto os que apresentam maior estabilidade são a carne e a farinha de trigo.
... e o que mais onera.
A carne é o produto com maior impacto na formação do preço da cesta básica. Mas em junho de 2016 atingiu sua menor participação, representando 33,8% sobre o valor total da cesta, e teve seu pico em agosto de 2014 quanto representou 49,6%. Em outubro deste ano de 2021 representou 45%.
O que nos espera o final do ano.
Normalmente percebe-se elevação nos preços da cesta quando se aproxima as festas de final de ano. Entretanto, 2021 deve apresentar um comportamento distinto nos dois últimos meses do ano. Isso em virtude do embargo da carne brasileira imposto pela China.
A carne deve baixar...
Os estoques dos frigoríficos de acordo com a Safras&Mercado já passam de 100 mil toneladas, e a tendência é de queda expressiva no preço do item que tem maior peso na cesta.
... para alegria de nós, carnívoros.
Seria um alívio na inflação e a esperança de um final de ano mais agradável, especialmente para as famílias de menor renda.
O Relatório Mensal e os dados históricos do preço da cesta básica podem ser acessados pelo link: nupea.org
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.